Espero que gostem dos desenhos, clique neles para aumentar o tamanho. Ao final da exposição dos desenhos, tem uma não tão pequena carta desse autor que vos fala, quem quiser ler, fique à vontade.
Há braços...
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Carta a você, que
por ventura está lendo esse blog neste momento
Caros leitores,
gosto de desenhar e
esse talvez seja o prazer quase que irracional que mais me acalenta o
espírito, nunca vi isso necessariamente como um trabalho, uma
obrigação. Neste ano que já está quase se findando, optei por
iniciar uma nova graduação, agora em Filosofia aqui na Ufscar, em
São Carlos, e com essa decisão, a mudança de cidade e todas as
mudanças que advém desta, trouxe também a ideia de tentar viver
apenas daquilo que minha arte pudesse me trazer. Assim, comecei a
tentativa de ser apenas um vendedor de zines nos bares da cidade e
realizar alguns trabalhos por encomenda, quando estes me traziam
alguma satisfação em fazê-los. Planos postos, a vida se seguiu a
partir disso, mas cabe dizer aqui que nem tudo dá certo sempre.
Não é fácil
levantar todos os dias com o ânimo suficiente para sair na rua e
lidar com pessoas estranhas na tentativa de conseguir dinheiro, às
vezes isso dá certo e você volta para casa reanimado e feliz, com
um dinheiro suficiente para passar alguns dias e talvez realizar
alguns desejos, como comer algo diferente, às vezes nada dá certo,
e você apenas volta pra casa, em silêncio e com um rancor a
respeito do mundo indizível. Os dias se sucedem assim, as vezes você
não se presta a tentar “trabalhar”, com inúmeras questões na
mente, decide por esperar o porvir próximo para restabelecer a
vontade. Mas geralmente você se anima, pois a vida é feita disso
mesmo, altos e baixos, tropeços necessários nas pedras no meio do
caminho. É que viver de vender seu próprio trabalho tem um peso de
se tornar personagem de si mesmo, você tem que sorrir, tem que ser
educado, e geralmente quando a situação está ruim, essas são as
coisas que você menos tem vontade de fazer.
Pois bem, dito isso,
recorro à você querido leitor na expectativa primeira de apenas
colocar em palavras aquilo que vem me ocorrendo nessa vida, nesse
ano, na mudança.
Mas há também um
motivo ulterior: estou falido, honestamente falido. Oras, eu como um
fã absoluto de Henry Miller, e simpatizante completo do ato da
mendicância, recorro a vocês para lhes fazer uma pergunta - “Alguém
ai, do outro lado da tela, tem algum tostão para me dar?” - por
mais que isso pareça uma brincadeira, não o é. Tenho absoluta
certeza que o dinheiro não é nada, mas que infelizmente proporciona
aquilo que chamamos de vida em sociedade, sonho com um mundo ideal
onde não haveria dinheiro e nem trabalho “forçado”, pois pra
mim, trabalhar apenas para ganhar dinheiro para sobreviver, seja lá
em que condição, é um trabalho forçado. É o que eu penso, e não
quero entrar em minucias teóricas a respeito disso… não agora.
Acontece que em minha última noite de insônia, e acreditem, elas se
repetem sempre em minha vida, tive um lampejo de escrever isso que
lhes escrevo, o tentar pelo tentar.
Não quero com isso
que vocês, principalmente aqueles e aquelas com os quais tenho uma
amizade profunda e tudo o mais, se preocupem sem necessidade, estou
bem, na verdade nunca estive melhor, e minha mente conflui em vários
exercícios de imaginação, estudo e tranquilidade, os desenhos
postados aqui são reflexo direto disso, nunca estive tão tranquilo
e satisfeito com minha produção artística e intelectual, mesmo
está não se convertendo em dinheiro necessário à sobrevivência.
Estou saudável e tenho me alimentado dentro das conformidades, moro
com pessoas que amo e que me apoiam sempre, e isso já basta à paz
de espírito.
Queria,antes de
findar essa já longa carta, escrever uma citação do Bergson,
filósofo ao qual venho detido parte de meus estudos neste semestre.
“O que faz da
esperança um prazer tão intenso é que o futuro, que está à nossa
disposição, nos surge ao mesmo tempo sob uma imensidão de formas,
igualmente risonhas, igualmente possíveis. Ainda que a mais desejada
se realize, é preciso sacrificar as outras, e teremos perdido muito.
A ideia do futuro, prenhe de uma infinidade de possíveis, é pois
mais fecunda do que o próprio futuro, e é por isso que há mais
encanto na esperança do que na posse, no sonho do que na realidade.”
(Henri Bergson – Ensaio sobre os dados imediatos da consciência,
cap. 1)
Empenhemos então a
transformar a realidade em sonho. Há esperança.
Atenciosamente, e
com carinho,
Batata Sem Umbigo
Que bacanas palavras e imagens sSem umbigo!!!
ResponderExcluirObrigado, desde Colombia te leio.
Fala Batata...
ResponderExcluirÉ O Marcos da Atomic... tudo certo amigo? Cara, muito bom estes desenhos da safra... me escreve que tenho uma prosposta pra te fazer.
abr
Espero que a rapaziada lá do Sul/Atomic, venha a publicar uma coletânea do seu trabalHo. Texto e desenhos. E que isso renda uma graninha, é claro!... Boa Sorte, camarada!
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