22 de dezembro de 2020

Sonhos pandêmicos

Fui convidado por Ricardo Normanha "Flóqui" para ilustrar um micro conto que ele escrevera. O conteúdo da história era um sonho... um sonho pandêmico, eu diria. Aproveitei para preencher a folha com o máximo de informação que conseguiria transmitir em meio a esses meses de pandemia em que vivemos, quase todas essas situações são reais, se não ocorreram como aparecem, foram engendradas pelos meus miolos que ficaram sabendo que parece que não existe pandemia, não existe vírus... tudo já é o novo normal. Velho normal... 

O link para o conto de Flóqui está AQUI.

Publico o desenho em preto e branco, em alta resolução, para quem quiser brincar de caçar situações. (Clique na imagem para ampliar)



2 de julho de 2020

Série "depois da quarentena" (parte 02)

"Não esquecer de me perguntar todo dia em frente ao espelho: quem é excluído com um "novo normal"? Quem ganha o quê com um "novo normal"?

O que é o normal?"

DEZ



ONZE



DOZE



TREZE



CATORZE



QUINZE



DEZESSEIS



DEZESSETE



DEZOITO







1 de maio de 2020

Série "depois da quarentena" (parte 01)

Nesta quarentena de isolamento comecei a fazer uma série de ilustrações sob o título de "depois da quarentena". Além da retomada da produção com determinada constância (pois me propus a publicar três desenhos por semana no meu instagram), o exercício de elaboração dos temas e a decisão de não atribuir-lhes significado (cada desenho é um número na série, não possuem nome, deixando a interpretação do conteúdo das imagens a quem a visualiza) fez-se também como uma forma de pensar e repensar o que está por vir... o que vem depois da quarentena.

Não sei quanto tempo mais durará o isolamento, quem sabe?

Publico agora essa primeira parte da série, com nove ilustrações, no blog porque tem outra coisa que me vem incomodando nesses dias... a saída pelo virtual, como se o virtual bastasse para substituir o vívido e quente calor humano. Cada vez mais e mais aplicativos para nos "ajudar", para nos sentirmos mais inseridos em um mundo cuja saída lógica e boa é sempre a renovação de nossos dispositivos de "união", mesmo que separados. Os discursos que circulam por aí já constatam os fatos, essa crise serve para de repente, e finalmente, nos darmos conta que a passagem para o plano virtual é a solução. Solução desejada e previsível, que apenas as cabeças retrógradas não queriam admitir. Universidade e ensino, trabalho de escritório e burocrático, tudo à distancia, tudo digital, tudo virtual. Sem custos adicionais, na verdade, aumento da produtividade. 

Acho que estamos perdendo um dos sentidos da palavra presença. 

Que me chamem de apocalíptico, mas tudo isso me faz pensar... quantas pessoas teriam que trocar de celulares para essa transformação? Quantas pessoas precisarão atualizar seus aplicativos, precisarão de mais "espaço" e terão em vista adquirir um novo dispositivo para efetivação de sua ferramenta de trabalho? Quantas "atualizarão" seus computadores também, adaptando-os a uma melhor comodidade? Quantas pessoas precisarão mesmo de um celular, dos invisíveis da fila da Caixa que nem cpf possuíam direito, até o mano ou mana que "darão entrada" em uma moto e um celular para o trabalho das entregas e deslocamentos das mercadorias? Pois as mercadorias, essa materialidade não pode parar, mesmo que o próprio dinheiro só esteja na tela.

Aí me bate um paradoxo, não são exatamente esses dispositivos tecnológicos que nos permitem as EADs, os Homeworks, os I-FOODS, que literalmente (não desculpem a expressão) estão fodendo o planeta Terra. Não é exatamente por explorar cada vez mais recursos cada vez mais complexos da natureza, sem mesmo deixar de lado matérias-primas que já vem desgastando o clima há muito tempo (como o petróleo e o carvão), que estão acelerando casos cada vez mais frequentes desses tipos de pandemia, mas também eventos climáticos drásticos (lembrem das chuvas do começo de ano que se estenderam até o período de carnaval que atingiram principalmente o sudeste). 

Quanto mais "dados" circulando (nem entrarei nesse assunto; mais aplicativos, mais dados jogados aos especuladores virtuais, sempre com o nosso consentimento), mais exploração contínua da natureza. 

Virtualizar, ainda mais com esse apelo de solução da tecnologia boa em si, é continuar o processo de autodestruição do planeta, onde os humanos parecem mesmo, em sua cronologia, serem seres mais ínfimos que as moscas, como dizia Nietzsche, mas que são mesmo, menores que os vírus.

Tudo isso para dizer que publico aqui essa série para que xs leitorxs possam, além de visualizá-los em uma maior definição (com o acréscimo das versões em preto e branco), poderão salvá-los em seus dispositivos para não mais apenas "visualizar", mas observar demoradamente seus detalhes, off-line... quem sabe até imprimi-los para colorir (ideias quarentenísticas).

Por fim, tá aí o desabafo, e que não percamos de nosso horizonte, que para mudar as coisas dadas, do ontem e do hoje, e pensar num amanhã realmente diferente, precisaremos de gente junto, lado a lado, muita gente, e precisamos estar fortes, presentes. Diziam que a revolução não seria televisionada no passado, hoje penso que a revolução não poderá ser transmitida on-line, os celulares só serão armas quando tacadas ao encontro de quem está lucrando com tudo isso. E como dizia um grupinho que sempre gostei, a revolução será uma festa, ou não será nada. 

UM



DOIS



TRÊS



QUATRO



CINCO



SEIS



SETE



OITO



NOVE