Canto #01 caiu em minhas mãos há pouco. Zine em formato grande (dez A3 dobradas ao meio, 20 páginas de quadrinhos), e uma sugestão do autor, compre o zine em formato grande, para melhor enxergar os quadrinhos... é vero, e vale a pena.
Misturando páginas de puro non sense com quadrinhos que versam sobre inúmeros temas, como especulação imobiliária, é um zine de fácil leitura desatenta, e ótima leitura viciante para quem está acostumado aos quadrinhos de João da Silva.
A primeira leva de quadrinhos, uma sequencia de desenhos que poderiam ser fotos retiradas de jornais, já sentimos um impacto destrutivo da compreensão crítica do autor que destila ao seu modo, a contradição inerente ao mundo pequeno-burguês e totalitário que vivemos.
Uma página "pirata" faz excelente escolha de um quadrinho de Freak Brothers de Gilbert Shelton, que dá um tapa na cara de conservadorismos tacanhos.
A cereja do bolo ao meu ver são as hqs: "Marlene e a Pedra" e "Dona Sabina contra o baixo astral", lindas sínteses...
Por fim, reescrevo um texto que pra mim é bom demais, lembra até Stewart Home, em algum de seus textos neoístas:
"O artista tem crises com sua obra.
O artista tem tempo pra ter crises com sua obra.
O artista tem tempo ocioso pra ter crises pra ficar ocioso pra pensar pra repensar pra entrar e sair de crises e com cada crise uma nova obra.
O artista só faz arte.
Alguém planta pra ele comer,
costura pra ele vestir, dirige pra ele se locomover, acenta tijolos pra ele morar enquanto ele só faz arte.
Quanto ele só faz arte.
O artista é um parasita.
Está sempre atrelado a classe dos gerentes. Aos gerentes de hoje - se o artista for da ordem - ou aos gerentes ou pretensos gerentes de amanhã - se o artista for contra a ordem.
O artista não vale a merda que caga"
Bom demais...
...que mais Cantos venham, se são cantos de músicas ou cantos de uma parede é o que eu ainda não consegui desvendar...
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